Rumo a Uyuni – Oitavo dia – O Céu

“No fundo de um buraco ou de um poço, acontece descobrir-se as estrelas.”

Aristóteles

Parte 8

Tem que sair da cama?

Sim!

O frio batia a nossa porta naquela madrugada de primavera andina, mas foi o maldito despertador que nos deu a notícia de que aquela noite de sono devia se encerrar naquele momento. Eram três da manhã e pulamos da cama. Não queríamos perder por nada o nascer do sol no meio do Salar de Uyuni. Mas dessa vez seria diferente. O sol nasceria em um espelho d’água. Continuar lendo

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Rumo a Uyuni – Sexto dia – O deserto

Parte 6

O despertar

Em nosso segundo dia nos Altiplanos Bolivianos, o silêncio da noite fria e escura a borda do salar de Uyuni, em nosso Hostel, foi quebrada pelo barulho irritante do despertador do celular que foi recebido com alegria. Hora de levantar para mais um grande dia no meio do que muitos chamariam de nada, o Deserto de Siloli.
Não tinhamos tempo a perder. Levantar, lavar o rosto e escovar os dentes, guardar tudo nas mochilas e ir para o restaurante do hostel tomar o café da manhã que estava marcado para 5:30. Cereis, iogurte, suco, geléia, sono, café, leite, frutas e aquele pão redondo que em nada lembra o nosso pãozinho francês. -Talves seja por isso que ganhei um quilinho a mais.-
6:00, todos a bordo para partirmos do hostel de Sal em Santiago de Chuvica rumo à Laguna Verde através do Deserto de Siloli.

Mar adentro

Pegamos uma estrada de terra que se alternava com borax que beirava a montanha que se erguia a borda daquele lago de sal enquanto o sol nascia. Cruzamos plantações de quinua ladeadas de encostas salpicadas com tumbas incas. O céu era de um azul limpo e profundo. Nenhuma nuvem nos ameaçava.

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Nas montanhas, a marca deixada pelo mar.
Naquele momento, um detalhe que muito nos chamou atenção foi a divisa na montanha que mostrava até onde o mar, outrora, encostou e deixou seu rastro para os CSI da história natural através corais fossilizados.
Nossa primeira parada foi no Salar de Tiguana, que é um lago de borax (borato de sódio, usado desde tratamento termoquímico e fabricação de vidros óptico a fertilizantes e conservante de caviar). Descemos e notamos que aquele sal não era duro como o do Salar de uyuni, mas bem fofo. E por isso o nosso Anjo da Guarda e guia diminuiu a pressão do pneu do carro (parar e calibrar o pneu era algo constante).
160929jj6303-fullhdProsseguimos e passamos pelo povoado de Julaca no cruzamento da linha férrea com a estrada, com algumas poucas casas erigidas com parede de adobe e telhados de zinco ou de palha no meio daquela poeira. Vimos circulando nas ruas mais lhamas domésticas que pessoas. Segundo nosso guia, ali, só viviam sete famílias e que as cores dos enfeites das lhamas se referiam a cada família.

Há vida e pedra no deserto

8:30 passamos por uma estância chamada Chackha e paramos para fotografar as lhamas.

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O olhar curioso de uma lhama analisando um ser estranho a sua frente, eu.

Nos foi recomendado para não chegar perto, pois elas cospem. -Obviamente eu não levei essa recomendação em consideração e cheguei perto. Por sorte e perícia de principiante, consegui fotografá-la sem tomar uma cuspida.- Essa Estância fica em um vale verde e alagado, onde cresce uma grama verde escura no meio do marrom desértico. Um verdadeiro oásis sem palmeiras. -Por falar em árvore, já eram dois dias sem ver uma única árvore.-

Seguindo a estrada, passamos por Las Rocas que é uma área de uns 30 quilômetros quadrados formado pelo de rochas originadas do derramamento vulcânico. Aquele tapete de rochas abriu caminho para passarmos naquilo que parecia impenetrável.
Apesar do cansaço, os olhos não fechavam, não queríamos perder uma cena da paisagem nos campos de altitude, vales, desertos e montanhas. Avestruzes selvagens, palha brava, vicunhas, terra e poeira entraram para nossa memória. Durante essa travessia, Alexandre conversou muito com o Walter em espanhol e depois nos contava o que havia conversado em inglês para que Xue Quin, Zhou Sheng e Jiyeon Kim entendessem. -Quer saber quem são esses? Então clique aqui e leia o capítulo anterior.-
Naquele trecho entre Julaca e Alota, o GPS nos disse que passamos por Uchisa e San Agostin, mas só o que vi foram campos de altitude salpicados de palha brava. Essa palha também é usada para fazer os telhados de muitas casas por aqui. Depois dali, ainda passamos pela Vilamar Mallcu, onde havia uma cancela e pediram nossos documento. -Me senti naqueles filmes em que o protagonista tenta cruzar a fronteira antes que os bandidos cheguem.-
Seguindo em frente, mais um salar, o Salar Capina, novamente com borax. Esse, se não prestássemos atenção, parecia ser apenas uma terra bem clara de longe. Por várias160929jj6531-fullhd vezes, Walter, o nosso guia, nos falou sobre a extração de diversos elementos dos salares da região eram a fonte de riquezas. Ali, havia atividade mineradora, mas parecia que estava abandonado, como o cemitério de trens. Naquele momento, os equipamentos estavam mortos, sem o sopro de vida de alguém que o faz se mexer, exceto de um trator que removia as pedras da estrada feita de terra e sal e que nós passaríamos depois que a máquina terminasse de deixar seu rastro.
Além do borax, disse Walter, também há extração de magnésio, potássio e principalmente de lítio (O Salar de Uyuni possuia a maior reserva do mundo, de 50% a 70% da reserva mundial).
Dentro ainda desse Salar, fica o posto da entrada da Reserva Nacional da Fauna Andina Edurado Avaroa onde pagamos a entrada B$ 150,00 (cento e cinquenta pesos boliviananos, que o que equivalia naquele dia a R$ 75,00) que nos dava direito a trafegar pelo parque e dormir em um alojamento próximo a Laguna Colorada.

Para o alto e avante!

Agora, estávamos dentro da Reserva, havíamos saído da confortável zona dos dos 3700

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Uma das muitas paradas para calibrar o pneu do carro.

metros de altitude do Salar de Uyuini e ultrapassamos os quatro mil. Só subíamos, subíamos e subíamos. A essa altura, altitude, para ser mais exato, até o motor 4.0 de seis cilindros a gasolina da Land Cruiser que estávamos sofria com falta de ar. Apesar daquele ser um motor potente ao nível do mar, ali ele se comportava como um carro 1.0 brasileiro. Por várias vezes, Walter abria o capô do carro para o motor esfriar durante nossas paradas. O radiador também é menos eficiente no ar rarefeito, apesar do frio. -Se o carro sofria, por que não sofreríamos?- Walter comentou que os carros com motor V8 sofrem menos para enfrentar esse terreno que cruzamos.

Onde estará o chá de coca?

E foi a partir dos 4000 metros a memória começou a falhar. Chegamos até os 4900 e fui pego pego pelo mal de altitude -O tal do soroche.-, com dor de cabeça, confusão mental e só mesmo um chá de coca para aliviar.

Depois de um tempo, que não lembro bem, finalmente a tão esperada parada em um restaurante. -Não para almoçar, mas para tomar meu chá de coca.-

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Parada para o chá nas termas de Polques.
-Pronto!- Depois de tomar uma xícara de chá, meu cérebro voltara a registrar o mundo que me rodeava. -Bom… Agora vamos à descrição do lugar.- Era a beira de um lago de salmoura com ilhas de sal e na beira havia uma piscina de água quente no meio daquele frio de doer de fim de inverno a quase cinco mil metros de altitude. Um restaurante pequenino e um banheiro mal cheiroso com aqueles sanitários que são um buraco no chão onde suas necessidades caem em um tambor abaixo do chão. -Eca! E ainda paguei para isso.- Hora do almoço para recobrar as energias e descansar. -Continuo não lembrando o que comi, acho que o chá não havia feito efeito.- Aqui, não me preocupei em fotografar, apenas em relaxar na piscina de água quentinha onde conhecemos dois holandeses -Eram holandeses mesmo? Como disse, minha memória me deixou na mão-. Estava muito bom descansar naquela piscina, mas como aquele famoso ditado: Depois da bonanza, vem a tempestade. No nosso caso era depois da água quentinha a 40 graus celcius, vem um puta dum frio até chegar no vestiário para tomar um banho para tirar o sal do corpo e vestir a roupa. Pronto! Sacrifício feito, dentro da roupa e todos a bordo do Walter Móvel. -E só depois que fui descobri que o nome desse lugar era Terma de Polques à beira do Lago Chaviri.-

O deserto é colorido!

Agora, atravessando o Deserto de Siloli, estávamos dentro do Reserva e a nossa próxima parada seria a Laguna Verde, mas não sem antes ver as cores do Deserto de Salvador Dali. Ali, Tons e sobre tons marcaram a nossa visão. Não imaginava que uma criação natural

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Obras de arte feitas pela natureza.

pudesse se assemelhar tanto à uma obra de arte feita de terra. Além da beleza das cores, rochas isoladas remanescentes de explosões vulcânica, pois a região tem muitos, compunham a paisagem.

Acho que foi essa hora que vi o Alexandre mais eufórico com a paisagem. Ele se emocionou ao ver as cores do deserto e acho que se você leu até aqui, tem que ver as fotos dele.
Mas o ar rarefeito estava começando a cobrar seu pedágio. Já estava difícil de respirar. Mas… Vamos em frente.

Laguna Verde

Finalmente chegamos naquelas lagunas salinos ao pé do vulcão inativo Licancabur na

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Laguna Verde.

divisa com o Chile, a Verde e a Blanca. Aqueles duas originadas da água retida do oceanos e que hoje está a mais de 4300 metros de altitude, tem características bem distintas e interessantes apesar da proximidade. Uma, com uma superfície praticamente coberta por sal branco. A outra, líquida, tem uma coloração que vai do turquesa ao esmeralda, dependendo da incidência da luz do sol e da interferência do vento em sua superfície, por causa da sua grande concentração de arsênio em suspensão e outros minerais.-Por isso, não ousamos beber daquela água.- Nos disseram que essa lagoa era estéril, mas para nossa surpresa, vimos alguns flamingos em suas águas. -Seriam flamingos suicidas?-

Não ficamos muito tempo ali. Ainda havia muita poeira para aquele dia e partimos.

No Geiser.

160929jj6679-fullhdEra fim de tarde e fomos para o Sol de Mañana, um campo geotermal com caldeirões de lama borbulhantes e válvulas por onde aquele chão de rocha aliviava sua pressão. Essa novidade fascinou o olhar de nós dois, brasileros. -No Brasil não tem.- Em algumas das crateras, além do vapor, cores chamavam a atenção. Aquele mingau borbulhante era rodeado de crosta amarela com cheiro de enxofre.

Vamos pro hotel?

Saímos para uma longa travessia no deserto até chegar ao alojamento um pouco antes de anoitecer e o efeito do chá de coca acabou no caminho.
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Chegando no hotel.

Chegamos ao hotel perto do cair da noite. Um hotel não é de sal. Nem é hotel. É um alojamento que fica dentro do parque e o seu uso está incluso no ingresso do parque. Os quartos são para seis pessoas. As camas eram feitas de alvenaria. Baterias sustentavam a energia elétrica e havia apenas uma tomada disponível com muitas extensões, tês e gatos para os turistas recarregarem suas baterias de câmera, celular e qualquer outra coisa. Porém, havia horário de energia. Restava-nos esperar a hora da luz para carregar tudo.

Novamente, eu não estava nem um pouco a fim de fotografar, eu só queria jantar, tomar um chá de coca e dormir. Estávamos tão cansados que nem tomamos o vinho que Walter trouxe para nós. A cerveja que Zhou comprou não desceu muito bem. Era a altitude nos mandando descansar. -Ou descer mesmo.- Então, fui tomar meu chá de coca, jantar, por as baterias para carregar e ser feliz. Mas não sem antes explicar para Jiyeon Kin como a câmera dela funciona e mostrar para ela como fotografar estrelas.
O banho foi de gato, era impossível tomar banho ali. Fazia frio e o o chuveiro coletivo não esquentava fora do horário, então, quando havia energia, havia fila.
Walter cobriu o motor com a lona das bagagens por causa das quedas bruscas de temperatura no período da noite que podem chegar a -25ºC.
Esperávamos passar frio a noite. Mas como tinha cinco cobertores para cada, nem precisei usar o saco de dormir que a Dona Antônia me emprestou Naquela noite, passamos calor.
Esse momento marcava exatamente a metade da viagem de 12 dias. A beleza exótica do lugar já havia capturado a nossa vontade de retornar. -Se você leu até aqui, até a próxima parte do diário da viagem.-

Parte 5

Rumo a Uyuni – Quinto dia – O Salar!

Parte 5

Quem poderá nos levar?

Finalmente o sol nasceu nesse dia esperado. O café da manhã tinha suco, pão, frutas, café e

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Todos a bordo para o Salar. Aqui, da Avenida Ferroviária, partem os carros com turistas para dias de aventura.

ansiedade. Como planejado, não fechamos o pacote antes pela internet por que haviam vários relatos de viajantes que sugeriam que fechássemos na hora para ver com os próprios olhos o que estávamos comprando. E mesmo assim poderia não ser o que estávamos comprando.

Fomos para a avenida Ferroviária, em frente à estação de Trens e lá nos deparamos com vários turistas e carros, Toyotas Land Cruiser em sua maioria, que os levariam para vários tipos de roteiros que passam no Salar de Uyuni, deserto de Siloli, Vulcão Tupuna e outros maravilhas naturais. Nem todos os turistas voltariam ao ponto de partida, alguns ficariam em São Pedro do Atacama no Chile onde continuariam suas viagens. -Talvez na próxima vez façamos o mesmo.

Ainda na avenida Ferroviária, fomos assediados por vários agentes que vendiam pacotes turísticos para a região. O preços eram mais baixos que o que haviamos pesquisado na internet, porém, optamos por contratar os serviços da Uyuni Tours Bolívia com a Dona Antônia, pois tínhamos boas referências sobre essa empresa que prometia levar no máximo seis turistas por carro, outras empresas levam sete, o que deixa a viagem mais desconfortável do que já é. Àquela altura, com nós dois, não era possível completar um carro, então, ela nos juntou com mais três clientes de outra empresa e acabamos viajando em cinco, com muito espaço.

Indo pro sal

Eram quase 11 da manhã quando a Dona Antônia nos apresentou aos nossos companheiros de aventura nos próximos dias, a sul coreana Jiyeon Kim, os chineses Xue Qin e Zhou Sheng e nosso anjo da guarda e guia Walter e seu Land Cruiser azul, ou verde, dependia de quem olhava. Colocadas as bagagens sobre o teto do carro e protegida por lona, todos a bordo, finalmente começamos a deixar poeira para trás rumo ao cemitério de trens que estava infestado de turistas, como moscas no peixe. Confesso que aquela infestação me decepcionou um pouco. Até aquele momento, nada de mais e ainda estava em um carro com pessoas que achei que não interagiríamos nos próximos três dias no meio do nada. Me senti um turista… -Ops! Mas eu era um turista naquele momento. Tudo bem, vamos continuar…

Olha o trem

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Primeira parada: O Cemitério de Trens de Uyuni. Ele marca o fim de um surto de progresso boliviano e enriquecimento estrangeiro com suas riquesas (ouro, prata e estanho) entre o fim do século XIX e início do século XX. Mas, como voltaríamos aqui em três dias e sem turistas, contarei sobre esse local com mais detalhes depois.

No sal

De lá tomamos a Carreteira 30 (de asfalto) rumo ao povoado de Colchani, onde almoçamos

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Feirinha de artesanato em Colchani

em uma construção feita de blocos de sal, da parede aos móveis, e compramos lembranças em uma feirinha em meio a uma paisagem desolada e que nos inquieta ao ver que ali há vida.

Agora sim, os pneus de nosso carro tocaram o sal que possuía dois recordes, o da maior planície de sal do mundo e maior reserva de lítio do mundo também, com quase 11 mil quilômetros quadrados, que seria o seu solo pelo dia inteiro. Para quem olhasse de cima, éramos apenas um ponto que se movia em uma grande folha de papel branco, deixando rabiscos pretos, até chegar ao Hotel de Sal com bandeiras e turistas do mundo todo em frente a uma escultura de sal do Dakar Bolívia. Ali, tive uma experiência surreal ao olhar com um óculos de soldador o branco infinito que toca o céu de azul profundo no horizonte. É quase indescritível, como se estivesse em outro planeta. Claro, aproveitamos para fazer as fotos engraçadas, pois éramos turistas. Partimos então para Ilha Incahuasi, que historicamente é um entreposto de descaso desde a era dos Incas no meio das rotas de no sal. Nessa ilha, pagamos um taxa de B$ 30 para entrar e fazer uso dos banheiros.

Ilha Incahuasi
Vista de cima da Isla Incahuasi

Começamos uma trilha rodeada de cactus gigantes que crescem um centímetro por ano e povoam aquele pedaço de terra cercado de sal por todos os lados. Na metade da subida, faltava ar devido a altitude, era hora de começar a me mover mais vagarosamente para não passar mal. Nessa ilha, vimos as primeiras evidência que aquele lugar já foi parte do oceano ao andar sobre recifes de coral fossilizados. Mais algumas fotos durante a subida e finalmente o cume de onde pudemos ver o horizonte rodeado de cadeias montanhosas nas bordas do lago. Na descida para o carro, encontramos algumas lhamas domésticas que posaram para foto. -Novamente, exagero meu. Elas não estavam ne aí.

Santiago Chuvica

Salar de Uyuni
Extração de sal

Partimos sobre a estrada pintada com o preto da borracha do desgaste dos pneus sobre o duro sal que ia até o povoado de Chuvica na borda do Salar. Cada vez que olhavamos para o chão de sal, ele estava com uma textura diferente, hora com desenhos geométricos em alto relevo, hora como uma lixa e hora formando padrões em baixo relevo. Em Santiago de Chuvica, deixamos nossa bagagem no quarto do hotel de sal e voltamos ao Salar para ver o por do sol. Nem preciso dizer que espetáculo a natureza nos proporcionou com aquela tênue luz que caia além do horizonte perto das montanhas que represavam aquela sal em que estávamos em pé. Naquele momento, silêncio, paz e sal temperavam aquele crepúsculo que pudemos vivenciar intimamente com a natureza. “Veja as fotos no final do texto”.

Em geral, os pacotes oferecem hospedagem em alojamentos (quartos para seis pessoas)

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Quarto com banheiro privado no hotel de sal

com banheiros coletivos. Ainda em Uyuni, por um pequeno acréscimo, pegamos um quarto duplo com banheiro privativo. No hotel, como sempre, fomos bem servidos pelo nosso guia Walter. Uma sopa deliciosa de entrada, carne, legumes, arroz, refrigerante, chá… sim, também havia chá de coca para ajudar amenizar o mal de altitude (soroche) para quem precisasse. -Em breve falarei mais sobre ele, pois é claro que experimentei, os dois, o mal de altitude e o chá de coca.

Que a noite caia!

O sol já havia se posto depois de contemplá-lo e fotografá-lo caindo além de onde nossos olhos podiam enxergar a nossa preocupação agora era tomar um bom banho quente, apesar de não estar muito frio para o local, algo em torno de cinco graus naquele momento e baixando conforme a noite nos roubava o calor. Àquela altura, nada melhor que o banho para tirar a poeira e o sal do corpo, colocar roupas limpas e deitar sob várias mantas para

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Pintando a Via Lactea no céu

não passar frio durante a madrugada… só que não resisti, chamei o Alexandre, que é a única pessoa que conheço que nunca se nega a fazer esses programas de índio, e o nosso novo amigo chinês Zhou Sheng para ver as estrelas e fotografar a escuridão. Cruzamos o frio e a escuridão para chegar no sal, pois onde estávamos ainda era solo firme. Mas, depois de andar por dez minutos, chegamos em um terreno que ainda havia alguma vegetação, que só soubemos no dia seguinte que era frequentado por pumas andinos, e preferimos não arriscar em chegar ao sal, talvez da próxima vez. Montamos nossa base e comecei a ensinar o Alexandre a essência da fotografia noturna. Agora era ele que pisava em terreno estranho, escuro e desconhecido. Entre astrofotografias e lightpainting, conversávamos sobre a vida e sobre a viagem com o nosso amigo Zhou. Mas não podíamos virar a noite ali, nossos corpos pediam descanso para o próximo dia e que as nossas almas não queriam conceder. Alvorada marcada para 5:30, hora de deitar e até a próxima página dessa história.

Parte 4 Parte 6

Resultado do 1X Photo Award 2015

Divulgado o resultado do 1X Photo Award 2015 e a fotografia Umbrella foi premiada na categoria People’s Choice: Creative Edit.

O 1X é um site de fotografia que funciona como uma galeria de arte, com curadores profissionais analisando as fotografias que são publicadas.
Veja o resultado do concurso e as demais fotografias em https://1x.com/awards/winners.php

Guarda-chuvas
Umbrella

Em uma noite sem sol, em uma tempestade sem nuvens, eu me protejo como eu posso.
Uso um guarda-chuvas para não me contaminar.
Entro na máquina de lavar para me manter puro.
Eu não posso me contaminar com o mundo.