“Não existe um caminho para a felicidade.
A felicidade é o caminho.”
Thich Nhat Hanh
Parte 4
De Cochabamba à Uyuni
Amanheciamos o último dia da nossa jornada de ida. Só esses quatro dias já valem uma aventura. O sol ainda não havia saído detrás das montanhas e já caminhávamos para a rodoviária com um pouco de antecedência para tomar o café da manhã conhecer um colombiano que junto com seu cachorrinho de estimação viajava a América Latina e tomar mais um chá de coca para evitar o soroche. -A essa altura “altitude se encaixaria melhor”, já não tomávamos café e sim o chá de coca.
Partindo de Cochabamba, passamos quatro horas no Trans Azul atravessando, subindo e descendo serras, na maioria das vezes acima dos 4000 metros de altitude. Naquele ponto, o Alexandre já se incomodava com o soroche, também conhecido por mal da altitude. Quanto mais subiamos, menos árvores. A paisagem foi perdendo rapidamente o verde para predominar o ocre. Ao chegar na pequena rodoviária de Oruro, mas não menos organizada, apanhamos um táxi (perua Toyota descartada no Japão e volante transplantado da direita para esquerda, muito comum na Bolívia) rumo a estação de trem para comprar os bilhetes e almoçar naquela cidade geométrica e monótona feita de tijolos cozidos como nas favelas brasileiras. Fomos recebidos por um sorridente e solícito atendente na estação que que nos vendeu os bilhetes e recebeu a bagagem em uma sala grande com móveis de madeira maciça e paredes revestidas pela mesma madeira. Me senti nos anos 50.
O almoço foi quase em frente à estação no melhor restaurante da cidade. Me senti rico. Na Bolívia o poder de compra de nossa moeda é muito maior. Pedi cordeiro e, novamente, os pratos foram muito bem servidos a ponto de eu não conseguir comer tudo. Já estava começando a achar que ou o meu estômago era pequeno ou o estômago dos bolivianos era grande.
Todos a bordo, pois o trem já vai partir
14 horas e todos a bordo do trem Expresso del Sur da Ferroviária Andina para Uyuni. Finalmente o último trecho que já no início nos brindou com o lago Uru Uru por onde o trem contou caminho sobre as águas em meio a bandos de flamingos andinos e chilenos. Houve um pouco de alvoroço naquele vagão cheio de alemães em virtude da bela paisagem que víamos e éramos parte. Logo, o lago foi substituído pelo altiplano com campos áridos, pastagens e plantações, os flamingos pelo gado e nossa euforia pelo sono do cansaço naquele fim de tarde.
O trem era mais conservado do que o pegamos em Puerto Quijarro. As janelas e persianas abriam, haviam tomadas no vagão de passageiros, os bilheteiros eram bem uniformizados, o vagão restaurante era melhor e possuia uma tomada por mesa para recarregar os celulares e o trem balançava menos.
Finalmente! Já era noite quando chegamos à estação de Uyuni e só nos restou buscar um lugar para dormir, novamente através do App de mapas off-line que também mostrava a nota atribuída por outros usuários ao estabelecimento.
Agora, era descansar para o tão esperado início da aventura. -Como se chegar até aqui já não fosse.
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